quarta-feira, 30 de abril de 2008

Calendário do Poder - É isso aí

Tela Brasil, Siron Franco
Centenas de livros interessantes na minha frente e eu só podia escolher um para dar de presente de aniversário a um amigo muito especial. Senti bater aquele impulso consumista. E ele veio forte: todos os poemas do Machado do Assis. Contos da Virgínia Woolf. Obras Completas de Jorge Luís Borges. Resisti...resisti...resisti e acabei comprando apenas Calendário do Poder, do frei Betto. E o que me ajudou a decidir pelo livro foi uma pequena passagem que li ao saborear aquela breve folheada que a gente dá nas livrarias. Betto diz que a política é demasiadamente importante para ficar apenas em mãos de políticos profissionais e se apequenar em conchavos partidários, vaidades eleitoreiras, alianças espúrias. “Ela (a política) que decide os rumos da humanidade em direção à barbárie ou ao patamar da civilização do amor”. Considero frei Betto um poeta, um profeta, assim como Leonardo Boff. Lamento que não sejam eles, esses poetas e profetas, a dirigir os processos políticos, a ouvir nossos clamores, a assinar as demarcações das terras indígenas, os atos de reforma agrária, de destinação de recursos para a saúde, educação, assistência social, agricultura familiar, pesquisas científicas, reforma política, reforma tributária. Política deveria ser feita com amor, com um amor incondicional pelos seres humanos e pelo meio ambiente. E o amor é o contrário da morte, é a antítese da prisão, do egoísmo, da ganância, da exploração, da injustiça, da discriminação. Como diz Ruben Alves, o amor deixa o outro voar, acrescento: voar para a felicidade. Mas nos bastidores da política tem imperado o ódio, o alimento da mesquinhez que tritura sonhos, tritura gente, aniquila a solidariedade, o coletivo. E isso não é uma prática que impera apenas na direita, ela está viva em setores da esquerda, daqueles que enchiam a boca para anunciar mudanças e transformações. Antes que a resignação me domine, escuto É isso aí, com Seu Jorge e Ana Carolina. Escuto e me inclino a acreditar no amor...então, penso nos meus filhos, penso nos meus amigos, penso naqueles que se foram e deram a vida por uma utopia...aí o meu coração dispara de amor.

É isso aí - the Blower's Daughter

É isso aí
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre
É isso aí
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar
É isso aí
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade
É isso aí
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar


3 comentários:

Lucimar Rosa Dias disse...

Nan. É isso ai. Como sempre você nos coloca os desafios de refletir sobre os fatos e encontrar alentos ... para que novas formas surjam e resurjam na construção de tempos mais felizes. No calendário do poder temos que marcar dias para apostar no amor, na poesia e no encontro entre as pessoas. Axé!

Ricardo Soares disse...

sempre vivo esse mesmo dilema diante de uma pilha de livros: com qual eu vou ??? hehe... bj pra vc e deixei um comentários sobre suas colocações indigenas lá no meu blog...

Unknown disse...

Eu tô com uma pilha de livros na cabeceira...tudo pela metade e já faz tempo...bom findi! Instalou o contador?