domingo, 13 de abril de 2008

Sonhos Guaranis - eleições limpas no Paraguai


Domingo à noite na TV aberta é um atentado contra a inteligência do telespectador. Tentei ver o Fantástico e, mais uma vez, não consegui. É sórdido demais o que a mídia faz com uma tragédia, criando um verdadeiro espetáculo diante de uma dor. O caso da menina Isabella continua sendo a sensação midiática. Nada de novo no front. Só a intensidade da comoção, completamente, descontextualizada. Isso não me interessa. O que me interessa, hoje, é saber sobre as eleições no Paraguai, país-irmão que teve seu futuro massacrado pela Tríplice Aliança, a serviço dos interesses britânicos, numa guerra insana e injusta (aliás, não existe guerra justa). O Brasil deve muito ao povo paraguaio.
Talvez você não saiba: daqui a seis dias, 20 de abril, o povo paraguaio vai escolher o seu novo presidente da República. Parece que ventos de mudança também passam por lá. Pela primeira vez em mais de 60 anos, o Partido Colorado, no poder desde o início da ditadura militar em 1954, quando o general Alfredo Stroessner deu um golpe de Estado e assumiu a presidência, pode deixar o poder. Pesquisas de opinião apontam a vitória do ex-bispo Fernando Lugo, candidato da Aliança Patriótica para a Mudança, amplíssima coalizão de centro-esquerda, que abriga de comunistas ao tradicional Partido Liberal Radical Autêntico, agremiação formada por setores nacionalistas. Lugo está na frente da candidata do partido governista, Blanca Ovelar, e já anuncia o seu compromisso com mudanças importantes, como a realização da reforma agrária e com a revisão do Tratado de Itaipu, uma revisão absolutamente necessária, uma vez que o valor pago pelo Brasil oscila de U$S 22 a U$ 44 o KwH. A média de preços da energia hidrelétrica no mercado brasileiro passa dos U$S 80 o KwH.
Fraude - O grande temor nas eleições paraguaias é a fraude. E, pelo visto,somente ela impediria a vitória de Lugo. O temor se justifica. Praticamente, tudo no Paraguai é controlado pelo Partido Colorado: Executivo, Legislativo e Judiciário. Dizem que por lá ninguém consegue emprego ou acesso a qualquer serviço público se não apresentar sua ficha de filiação no partido. Eleições limpas no Paraguai me interessam. Ainda sou daquelas que canta Paralamas :“E mesmo que pareça tolo. E sem sentido. Eu ainda brigo por sonhos. Eu ainda brigo.” E uma América Latima livre, igualitária e hermana me interessa muito. É que “Mato Grosso espera esquecer quisera o som dos fuzis.Se não fosse a guerra quem sabe hoje era um outro país, amante das tradições de que me fiz aprendiz em mil paixões sabendo morrer feliz”.

4 comentários:

Scliar disse...

Pois é. Os países vizinhos parecem de outro planeta. Não que as tragédias cotidians devam ser banalizadas. Mas há queter bom senso. Ou não? Boa semana, apesar das grandes tragédias - dos indios, das noticias desencontradas e das utopias perdidas. Ethel SC

Unknown disse...

É o domingão sempre é uma coisa meio esquisita. Por aqui é um silêncio sem fim. Na tv eu nã entendo nada. Mas ontem por volta das 19:30 hs teve uma reportagem de uns 15 minutos sobre a Transposição do Rio São Francisco em um jornal local. Algo parecido com o fantástico. Nós entendemos muito pouco, do alemão, mas sabemos muito bem sobre a questão. Então foi bom assistir em alemão. Deu aquela saudade...mas tudo bem. Olha eu não sabia nada sobre as eleições do Paraguai. Sempre agradeço a blogosfera por informações tão relevantes. Boa semana para você!!!

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

É, Ethel, a grande mídia aqui no Sul tem como norte o Norte. As questões vitais, que podem alterar o nosso destino passam invisíveis, como, por exemplo, as eleições paraguaias. Já a cor do vestido de Clinton....isso sabemos de cor e salteado.
Roseane, fico imaginando vc aí, uma outra língua, uma outra cultura, uma distância enorme...já fico com aperto no peito. Como diz Caetano, “minha pátria é minha língua”...beijos com chuva para as duas.

Anônimo disse...

Bem, esse blog está fazendo uma grande discussão sobre o preconceito: mulheres, homosexuais, índios, depressivos e agora, os paraguaios. Preconceito com os paraguaios sim! Ninguém quer ser comparado com eles; não gostamos de fazer fronteira com eles; ridicularizamos a nação paraguaia constantemente, sem flar que viramos as costas pra ele. o Brasil quer cobater o imperialismo norte-americano, mas acaba fazendo o mesmo com o Paraguai.

Aqui do MS só falo uma coisa, somos mais paraguaios do que queremos, tentamo negar isso, mas temos muito desse país.

Abraços,
Luciana