domingo, 27 de abril de 2008


Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

Nesta manhã de domingo, fui visitar alguns blogs e lá, na Alemanha, no canto virtual da Roseane, encontrei uma foto de Lula e José Serra, uma imagem que deve estar estampada nos jornais de hoje. Mas o interessante mesmo foi o comentário: “Por trás de uma boa causa...tem...hummm...hummmm....um plano, hummm....um jogo?!!! Ou será uma eleição?!” Roseane está certa. Por trás da cena têm eleições e alianças, cada vez mais, disformes. E por todo canto começam pipocar alianças do PT com PSDB. E entre as besteiras que o presidente Lula, às vezes, solta, está uma cantada que deu no Aécio. O tucano pode ser ungido pelo presidente como seu sucessor, desde que vá para o PMDB. E, aqui, na nossa terra, o que parecia impossível acontece: nos bastidores, o PT se oferece para o PMDB. Não acredito que o PSDB tenha mudado. Nem que o PMDB guaicuru tenha se transformado. Quem parece que está mudando de lado é a cúpula petista. Como diz o frei Betto sobre essas alianças: “Nunca vi cabeça de bacalhau, mendigo careca, santo de óculos, ex-corrupto, nem filho de prostituta chamado Júnior. Nunca imaginei que, fora dos grotões, onde o compadrio prevalece sobre princípios ideológicos, veria uma aliança entre PT e PSDB. Mas o impossível acontece em Belo Horizonte, com ampla aprovação das bases petistas (...)Os tempos e os costumes mudam, já diziam os latinos; as pessoas e os partidos também. Eu é que deveria ficar mudo, já que teimo em acreditar que fora da ética e dos pobres a política não tem salvação. Deve ser culpa de minha dificuldade de entender por que às vésperas de eleições todos debatem nomes de candidatos. E não propostas, programas e prioridades de governo.”


Nem uma coisa, nem outra
Adoro literatura Infantil. Além de ler com os meus filhos, fazendo as descobertas no mundo fantasia, quando me sinto saudosa, corro ao cantinhos deles para percorrer o mundo da imaginação. Ontem reli “Nem uma coisa, nem outra", de Moacir Scliar. Do Moacir só conheci esta obra, mas sei que é um escritor brasileiro consagrado, que, uniu num mesmo caminho o amor pela medicina e a paixão pela arte literária, escrevendo vários livros, entre eles A orelha de Van Gogh e O exército de um homem só. Em Nem uma coisa, nem outra, Moacir conta a história de uma larva que adora a sua condição de larva e, por isso, vivia um dilema: diferente de nós, humanos, que não teríamos dúvida em nos metamorfosear numa linda borboleta azul, a pequena larva, rápida, falante e inteligente, mesmo desejando voar, também adorava correr pelos galhos, adorava ser larva. Borboletas voam, mas não correm. E não que é que Tininha, a larva, consegue ter um corpo metade borboleta e metade larva, só não consegue mais voar e nem correr, fica presa num vidro – um ser raro, objeto de estudo. Um dia sonha que é borboleta, um dia sonha que é larva...às vezes, me sinto assim: um dia larva, um dia borboleta, só não consigo correr, não consigo voar, uma metamorfose incompleta.

Todo Azul do Mar - Flávio Venturini
Para o grande amor da minha vida, com quem há 18 anos, no dia 27 de abril, em Brasília, numa noite com música, arte e poesia, celebrei a decisão de partilhar teto, cama, sonhos e vida. Com quem experimento o desafio diário de reinventar o amor.


Amor Antigo
Drummond

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede.
Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Esta poesia me lembra a Kelly, a Mitie, a Dani, que também têm amores antigos.

5 comentários:

Unknown disse...

Que linda a poesia. Parabéns pelo amor antigo que resiste e continua. Também gostei das sábias palavras de Frei Betto. Aqui o sol brilhou e até a temperatura subiu e chegou aos 22 graus. Espero que continue assim ou aumente ainda mais...quero calor! Boa semana!

Unknown disse...

roseane compartilho com vc as palavra sobre a poesia...linda. vou prestar mais atenção nesse autor...
Quanto as questões políticas...essa vou falar em outro momento...

Unknown disse...

Parabéns às duas metades, não só pelos 18 anos de união, mas pela teimosia em acreditar no amor e em reinventá-lo a cada dia. Todo azul do mar pra gente.

Picolé Frutos do Mato disse...

O antigo usa calça xadrez, mas você ainda acha que ele tem estilo
Carrega cheiro de água de rosas, mas você acha que só ele tem aquele cheiro
Leva sempre seus segredos numa pasta de cordinha, ele não gosta de carteira
Quando era jovem cruzava a pochete sobre a cintura fazendo vestido curto da camisa colorida de havaino que recebera de presente de sua mãe, mas você desculpou a deselegância de sua juventude
Aí hoje você viu que o tempo carregou o presente e só te deixou o antigo
Então, decidiu entrar numa loja e comprar uma calça nova jeans que lê vai recusar a vestir.

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

Viva, Edson! Que bom vê-lo aqui. Vc anda cada vez criativo...fiquei imaginando que esse seu texto poderia dar um episódio do Programa A grande Família ou, no mínimo, uma crônica...que tal vc escrevê-la para a gente postar na capa do Maria-sem-vergonha???!!!