sábado, 5 de abril de 2008

Enfrentado o autoritarismo midiático


Estátua Pequeno Jornaleiro

E a América Latina começa a debater alternativas para enfrentar o terrorismo midiático. Jornalistas de 14 países se encontraram no fim de março em Caracas, na Venezuela, e debateram formas de resistência ao autoritarismo adotado por empresas jornalísticas na América Latina. Em maio, no Rio de Janeiro, acontece um encontro que vai discutir caminhos para enfrentar as disnatias midiáticas no Brasil e a construção de meios democráticos de comunicação. Hoje, no mundo, cerca de 70 por cento das imagens veiculadas têm como origem os Estados Unidos. Isso não acontece por acaso. Nos últimos anos, as empresas de comunicação também passaram pelos processos de fusão e são grandes corporações, inclusive associadas às empresas bélicas.
Dax Toscano Segovia, do Jornal – Rebelión, esclarece que objetivo ideológico claramente determinado pelo establishment a serviço do imperialismo norte-americano era, e é até hoje, o de apresentar os EUA como defensores da paz mundial diante de qualquer agressão terrorista. O jornalista faz um analogia entre a Liga da Justiça, criada pela indústria de entretenimento estadunidense, com o papel das transnacionais, os monopólios e as grandes empresas de informação, chamada por ele de desinformação. Diz que, hoje, os locutores, modelos de televisão, advogados, economistas e jornalistas substituíram os "Super Amigos" nessa luta contra o mal , chegando a convencer-se de que também são os portadores da verdade, da sabedoria, do conhecimento e de uma moral implacável que os torna invencíveis e incólumes a tudo quanto de pecaminoso existe no mundo – são quase deuses! “Esta “liga justiceira”, formada por uma plêiade de “sabe-tudo”, especialistas na mentira, arrogou-se o direito de apresentar sua visão do mundo como a única válida e verdadeira. Afinal de contas, sua missão divina é a de desinformar”. São esses profissionais, a serviço dos interesses econômicos dos seus patrões, que tentaram impor ao mundo o projeto imperialista bélico estadunidense e o modelo de consumo e de vida adotado do Norte e que começa a ruir.

Tudo que é sólido desmancha no ar
As dinastias midiáticas no Brasil são formadas por oito famílias. Como bem lembra Emir Sader, “eram estes mesmos Mesquitas, Frias, Marinhos, Civitas, estes mesmos que transmitem por herança – como se fosse um bem privado – seu poder dinástico, transferindo-o para os seus filhos e netos. Os júlios, os otávios, os robertos, os victor, vão se sucedendo uns aos outros, a dinastia vai se perpetuando. Que se danem a democracia e o país, mas que se salvem as dinastias!”
Essas empresas, que estiveram ao lado da ditadura militar e, de forma arrogante, sem nenhum processo democrático, tentam eleger qual o melhor projeto para o povo brasileiro, começam a experimentar a queda da audiência.
De acordo com pesquisa, divulgada por Emir Sader, a Folha de São Paulo, por exemplo, que é um dos de maior tiragem, perdeu em 10 anos, de 1997 a 2007, quase cinqüenta por cento dos seus leitores! Depois de quase ter atingido 600 mil leitores, vai fechar o ano de 2008 com menos de 300 mil! “Uma queda ainda mais grave se considerarmos que, nesse período, houve crescimento demográfico, aumento do poder aquisitivo, maior interesse pela informação e elevação do índice de escolaridade dos brasileiros”, esclarece Emir. Ele também lembra que estão entre os mais ricos da população. Noventa por cento dos seus menos de 300 mil exemplares são destinados aos leitores das classes A e B, as mesmas que não atingem dezoito por cento da população brasileira. “Em outros termos, nove entre cada dez leitores do jornal pertencem aos setores de maior poder aquisitivo e suas condições de vida estão a léguas de distância das do nosso povo – esse povo que gosta do programa bolsa família, dos territórios de cidadania, da eletrificação rural, dos mini-créditos, do aumento real do salário mínimo, da elevação do emprego formal, etc.”
É. Tudo que é sólido desmancha no ar, já dizia o velho Marx. O enfrentamento ao autoritarismo da mídia e a construção de alternativas democráticas que assegurem o direito à informação de qualidade e o direito de expressão vão ser debatidos no Encontro do Rio de Janeiro, no próximo mês. Quero estar lá.

9 comentários:

rosaleonor disse...

Em síntese, Isto passa-se em todo o mundo e claro óbviamente em Portugal...os Midea controlam a vidadas pessoas, dando-lhes uma ideia programada da realidade nomeadamente a televisão e o cinema que paulatinamente destrói toda a visão pessoal que nasce da experiência do indivíduo, alienando-o do essencial e prendendo-o ao consumo e à violência...mais ou menos parecido em todo o Planeta. Não sei se a Matriz de Controlo lhe diz alguma coisa mas ela existe para lá do intelecto e do conhecimento humano à partida...
Um abraço

rosa leonor

Augusto Araújo disse...

aé,pois eu só vejo apologia comunista disfarçada, imbecilidades futeis e uma ditadura do politicamente correto nos meios de comunicaçao

a Venezuela nao eh lugar para se debater liberdade de expressao, quem for contra o Chavez eh perseguido

vou dar uma dica pra vcs conseguirem " vender melhor o peixe de vcs"

parem de falar tanta merda e entrem ao menos no seculo 20

" As pessoas nao tomam cerveja por existirem destilarias. As destilarias q existem porque as pessoas tomam cerveja"

Alias falarem democratizaçao da midiahoje,com internet, eh muita falta de noçao mesmo.

Anônimo disse...

Enviado por Ricardo Noblat - 5.4.2008| 8h00m
Editorial da Folha de S.Paulo

Dilma fala

Tom enfático da ministra não disfarça desgaste com episódio do dossiê e necessidade de isenção ao apurar o vazamento

DEPOIS DE UMA SEMANA de desencontros e desgastes, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, veio a público para apresentar pessoalmente sua visão a respeito do emaranhado caso do dossiê contendo dados sobre despesas do governo FHC.

A necessidade de um pronunciamento oficial sobre o tema fazia-se sentir com especial urgência depois de esta Folha ter publicado, em fac-símile, um trecho das planilhas do dossiê.

Na entrevista, Dilma Rousseff afirmou que o trecho reproduzido pela Folha era diferente daquele entregue pelo jornal à sua assessoria, na véspera da publicação da reportagem. Com isso, deixava implícita uma suspeita de manipulação nas informações apresentadas pela Folha.

Os documentos, entretanto, são idênticos. A única alteração realizada foi rasurar os dados do arquivo que permitissem identificação da fonte da informação. O que mais uma vez se verifica, nessa insinuação, é a incapacidade do atual governo de lidar com seus desacertos -e sua propensão a ver na imprensa não um fundamento da democracia, mas uma fonte de perturbação a ser intimidada e combatida.

Apesar do seu tom rebarbativo e peremptório, as declarações da ministra na verdade revelavam, ao mesmo tempo, uma considerável inflexão de rumos, face à argumentação que o governo vinha adotando até então.

Não mais se insiste, por exemplo, na tese de que a Casa Civil atendia a um pedido do Tribunal de Contas da União quando levantou os dados sobre os gastos do governo anterior. O próprio termo "dossiê", antes rejeitado, viu sua utilização tornar-se "uma questão de conceito" para a ministra, repetindo nesse ponto as elaborações teóricas de seu colega da Justiça, Tarso Genro.

Por fim, Dilma Rousseff declara não "rejeitar nenhuma hipótese" a respeito do vazamento de dados. Nem mesmo a de que a iniciativa tenha partido de algum funcionário da Casa Civil. Trata-se, afinal, de investigar, e, se há suspeita de crime, é o caso de convocar a Polícia Federal, como qualquer pessoa sensata teria feito desde o primeiro momento em que o caso veio à tona.

Ocorre que a atitude automática do petismo é considerar ato de conspiração e lesa-pátria qualquer notícia que o prejudique. A ministra declarou-se estarrecida com o noticiário sobre o caso. Repetiu, ainda uma vez, que está em curso um processo de "escandalização do nada". Ao mesmo tempo, qualifica como "crime" o vazamento do dossiê.

O assunto, de fato, é tão intrincado que permite uma e outra qualificação. A ministra afirma, com razão, que não há escândalo no fato de as compras para a despensa do Alvorada refletirem padrões exigentes de consumo.

Que determinadas compras possam servir para exploração política, não é entretanto segredo para ninguém. Que o governo tivesse interesse em municiar-se contra iniciativas desse gênero, na CPI dos cartões, tampouco é algo que fuja aos procedimentos do jogo político real. Na elaboração e no vazamento desse dossiê é que residem os enigmas e escândalos possíveis.

É isso o que cumpre apurar, sem preconcepções e partidarismos de qualquer espécie. No que depende desta Folha, tal requisito compõe fundamento e razão de sua existência. Não é certo que se possa dizer o mesmo da ministra Dilma Rousseff

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

Augusto, vc é engraçado...qtos têm acesso à Internet aqui e no mundo??? dois terços da humanidade estão na pobreza e lutam para ter acesso à comida, meu caro. Tem um ditado chinê que diz o seguinte: "a cabeça pensa onde os pés pisam"...como vc pisa só em ambiente de luxo, consequentemente, vc pensa que no mundo tudo é luxo.

Anônimo: nem li o seu post do Ricardo Noblat...estou preocupada com mais uma campanha voluntária que estou ajudando a criar na defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras.

Lucimar Rosa Dias disse...

Nan, creio que devamos mesmo discutir o poder dos grandes da mídia, mas confesso a você que estou cada vez menos maniqueista entre direita e esquerda, depois de viver um ano na Venezuela vi Chavéz que (co)manda a transmissão de 8 dos 9 canais do país, fazer manipulação de informação tal qual os poderosos que ele critica. Estou como uma intelectual do movimento negro brasileiro dia: entre a direita e a esquerda - eu continuo preta!
Ninguém me contou eu vi o que o socialismo do século XXI do Higo Chavéz. Contraditório, autoritário, personalista e claro para se sustentar ideológico ( o que não quer dizer de esquerda, pelo menos não a esquerda que sonhamos) e populista. É isso linda. Beijos da Lu

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

Lu, que alegria reencontrá-la aqui novamente. O seu comentário para mim tem um peso especial: primeiro porque vc é testemunha do processo histórico na Venezuela e segundo porque vc é uma intelectual que, por meio da reflexão e da presença militante no movimento negro, nos ajuda a compreender melhor os desafios da sociedade contemporãnea. Concordo com vc em relação á necessidade de rompermos com o pensamento maniqueísta, nada dialético. Aliás, a força do pensamento maniqueísta imprimiu na história grandes atrocidades, seja no Ilunimismo, na caça às bruxas, no período escravista, na perseguição aos comunistas e anarquistas, na Guerra Fria, no stalinismo, nas ditaduras latino-americanas e no imperialismo bélico estadunidense no combate ao "terrorismo". Com ele se justitificou guerras, assassinatos, genocídios, torturas e censura. Também concordo com a leitura que faz do Chavez, identificando populismo, autoritarismo, etc. E não é só ele...Vejo esses elementos aqui no Lula, como vi também no governo popualar que ajudamos a implantar e, logo depois, fomos convidados a nos retirar por pensarmos diferentes. Mas vejo isso como uma parte, não como um todo. Tenho acompanhado a leitura que intelectuais, como Sader, Chomsky, Hobsbawn, Boaventura Souza Santos, frei Betto e outros têm feito da América Latina. Há uma nova geopolítica em curso e, mesmo com suas contradições, é um avanço extraordinário, de resgate do papel do Estado no fortalecimento das políticas públicas, no combate ás desigualdades e na resistência ao modelo neoliberal imposto nos últimos anos pelos organismos e governos do Norte. E essa nova geopolítica tem causado furor em setores da mídia, cujo maior expoente do anti-jornalismo no Brasil tem sido a revista Veja. Todos aqueles que se organizam em movimentos em ousam enfrentar a ordem são taxados de baderneiros e bandidos. O MST é uma das principais vítimas dos adjetivos negativos da revista. E na Venezuela, depois que assisti ao documentário filmado e dirigido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Briain, constatei que não foi diferente. Os cineastas mostraram os acontecimentos do golpe contra o governo de Chávez, em abril de 2002. O documentário revela que todos os canais privados de televisão não só justificaram como apoiaram o golpe de Estado contra o governo bolivariano, orquestrado com o apoio dos EUA. Em alguns chegaram a manipular imagens, o que é um crime não só contra a ética, mas contra a democracia e o Estado de Direito. Por isso, tenho a clareza que precisamos debater o papel da mídia no terceiro milênio. Não quero nem o autoritarismo do Estado e nem do mercado, que, hoje, dominado pelo fundamentalismo consumista da grandes corporações, nos diz não só o que vestir, o que comer, o que pensar, mas nos faz crer que a guerra é um ato do bem contra o mal, que a beleza é branca, esquálida e plástica, que ter é melhor do que ser, que acaba com a história e não nos deixa pensar o futuro, impondo a cultura do "aqui e agora".
Precisamos dialogar mais sobre isso e confesso que, hoje, são poucos os espaços. Não acredito mais em partidos políticos, mas também não tenho muitas certezas..Se vc, entre esquerda e direita, se sente preta, eu me sinto mulher, bisneta de índia, filha da classe trabalhadora, que tem experimentado a solidão, mas, às vezes, enche os olhos de esperança qdo encontra pessoas como vc, Lu... Venha nos trazer luz, Lu...Um beijo com saudades

Lucimar Rosa Dias disse...

Nan, concordo muitíssimo quando você resgata a possibilidade de acreditar na mundança e no quanto aposta-se na construção de um novo olhar da America Latina e da America Latina. Quando vi aquele documentário antes de morar na Venezuela fiquei super pró-Chavez porque ele reflete bem o que o poder de classe refletido no poder da comunicação fez e ainda acredito que há coisas que o governo chavista está produzindo que não sabemos no que vai dar e pode ser que dê em coisa boa, um exemplo é a expansão do ensino superior. O importante para mim nesses debates é que você pulsa energia de quem acredita na humanidade e nas mudanças positivas e eu preciso de gente assim por perto (mesmo que virtual) para (pre)encher dessa energia e continuar sonhando e construindo um outro mundo. Super semana procê.

Unknown disse...

Nanci, que debate bom iniciado no blog...que bom ver a Lucimar Dias escrevendo no maria-sem-vergonha...é uma pena que alguns ainda insistem em serem 'chulos'...deixa prá lá...
legal a contribuição da Lu...acho que boa parte da esquerda tem consciência do perigo do populismo...e o governo de Chavez é muito contraditório...
nós estamos sempre discutindo as limitações do governo da venezuela...
no entanto é indiscutílvel que ele vem cumprindo um papel importante no enfretamento direto com a política do Império...nada como ter petróleo...
mas não sabemos por quanto tempo ele dará conta de sustentar..é frágil...
mas voltando a informação e a mídia...
sou apenas uma ouvinte...e gostaria de ter informações mais próximas possível da realidade...
espero que o movimento da "contra-mola" da mídia se consolide...
Nanci convida a Josi pra ir tmbém ela está muito desanimada...

Augusto Araújo disse...

Aaah, acho q fui um pouco chulo mesmo.Perdona me

Eu gosto do Império e tb gosto do Chavez, Chavez, Chavez...

inda mais com a Chiquinha e o seu Madruga

estou sem inspiraçao pra responder, acho q nem vou