terça-feira, 15 de abril de 2008

Eleições paraguaias na mídia guaicuru


Com o meu dragão interior já sob controle, volto a falar sobre as eleições paraguaias. Acabei de assistir ao Jornal Nacional e nenhuma palavra sobre o fato foi pronunciada por Fátima Bernardes e William Bonner. O "Q" da Globo Nacional é um "Q" de "quartel-general" da desinformação. Mas se as eleições no Paraguai continuam invisíveis para a Vênus Platinada, a mídia guaicuru já está pautando o assunto. A jornalista Jaqueline Lopes viu o nosso post aqui e fez uma reportagem abordando um pouco da história do nosso país-irmão. Levantou seus problemas sociais e econômicos, ouviu um analista e destacou que as pesquisas indicam Lugo com onze pontos à frente da segunda colocada, Blanca Ovelar, do Partido Colorado que domina o País há mais de seis décadas - portanto, somente a fraude impedirá a vitória da coalizão que defende mudanças profundas nas terras paraguaias. A TV Morena (Globo Regional) viu a reportagem de Jacqueline, no Midiamax, e já pautou o assunto. Esse pequeno exemplo, somado ao da minha nova amiga virtual Roseane, brasileira que está na Alemanha e divulga as lutas indígenas, ao da Miti que pegou a Carta às Autoridades com o clamor dos guarani-kaiowá e encaminhou para a sua lista de e-mails, ao do Mario que está traduzindo para o francês o texto da Jacqueline sobre os suicídios indígenas para divulgar em Paris, as amigas que, depois de passarem por aqui, se interessaram pela produção criativa da Kelly, da Maria do Povo, enfim, esses pequenos exemplos mostram que a mídia alternativa tem um certa força, que não pode ser desprezada. Diferente do que alguns dizem e, do que algumas vezes também começo a achar, ser blogueira não é tão fútil, sem contar nas boas emoções proporcionadas pelos encontros e reencontros com os amigos. Isso me permite experimentar a felicidade.E sorriso largo abri quando li a reportagem da Jack sobre os ventos de mudança que chegam no Paraguai.


Eleições Paraguaias no Midiamax

* por Jacqueline Lopes
(...) Durante campanha eleitoral foi registrada denúncia de fraude. Segundo o G1, o TSJE (Tribunal Superior de Justiça Eleitoral), órgão responsável pela eleição no país vizinho, trouxe em seu site problemas no registro do eleitor. Cada cidadão tem um número de registro para votar. Mas no Paraguai um mesmo número chega a atender até quatro pessoas.
A Justiça eleitoral do Paraguai não aceitou auxílio brasileiro no uso de urnas eletrônicas. A votação será em cédulas de papel. Pesquisas do lado paraguaio dão a preferência a Fernando Lugo (41%) e em seguida, a candidata governista Blanca Ovelar (30%). Leia texto na íntegra acessando http://www.midiamax.com/politica/


Eleições Paraguaias no olhar de Emir Sader


Paraguai tem a melhor oportunidade, nas seis décadas de ditadura do Partido Colorado, de se ver livre dele e colocar em prática as reformas que o país necessita, democratizando- em termos políticos e sociais, para superar seus graves problemas econômicos e sociais. A liderança de um grande combatente da oposição - o bispo da teologia da libertação, Fernando Lugo - permite ao povo paraguaio dispor de uma real alternativa à candidata do Partido Colorado, Blanca Ovelar, e a um ex-dirigente desse partido, Lino Oviedo, envolvido em graves acusações na justiça por participação no assassinato de um ex-vice presidente, entre outras (...)
(...)programa da Aliança Patriótica para a Mudança, que reúne a 9 partidos políticos – entre eles um tradicional, o Partido Liberal, e um novo, o Tekojoja - e a mais de 20 movimentos sociais, propõe uma reforma agrária integral, que não represente apenas uma distribuição de terras, mas transformar os camponeses e os indígenas, aqueles que realmente trabalham a terra, em sujeitos de um novo modo de produção agrícola. Propõe também um programa de reativação econômica estreitamente associada à equidade social, para que o Paraguai deixe de ser um dos países mais pobres e de concentração de riqueza do continente, democratizando a reativação econômica.Ao mesmo tempo, propõe a recuperação da institucionalidade da repúbica e a independência do poder judicial, despartidarizando-o, elementos ambos da democracia política que termine com a apropriação do Estado pelo Partido Colorado. Além disso, propõe a conquista da soberania nacional, incluindo a soberania energética, para que o Paraguai deixe de ser apenas um pais agrícola, produtor de gado e exportador de matérias primas. Leia mais: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=175

4 comentários:

Unknown disse...

Obrigada Nanci. Quero ler tudo com calma. A mídia brasileira esconde muitas coisas, manipula, mas nós estamos aqui pra isso, ainda bem que existe a blogsofera, sempre digo isso. A foto que você postou tá linda.

Unknown disse...

nanci e jaque valeu as informações, o Paraguai é um país que enfrenta grandes contradições...e seu povo sofre pela posição imposta a essa país pela história, tenho muito respeito pelos paraguaios e por sua cultura, que também compõe a nossa face dos sul-mato-grossense. Sei que estão marcando pesado a campanha do bispo. Torço por ele,como pelo menos uma possibilidade de inversão das prioridades do governo, e com isso um pouco mais de esperança a população mais empobrecida do país.

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

Veja, Kelly, estava lendo uma entrevista na Carta Maior com Marilin Rehnfeldt, antropóloga paraguaia. Ela diz que, "pela primeira vez, será possível abrir as comportas de um Estado que estava absolutamente entregue a uma elite determinada, corrupta e que se serve do estado em beneficio próprio." enfim, depois dos 35 anos da ditadura do Stroesnner e de seis décadas de domínio do partido colorado, o povo paraguaio tem a chance de reconstruir a sua história. Também tenho um olhar afetuoso pelo Paraguai e um sentimento de que temos uma grande dívida para com o seu o povo.A nossa latino américa é apaixonante.

Unknown disse...

ídolos na política é coisa que merece cuidado. não dá pra acreditar no salvador da pátria. assim como nossos vizinhos não sabem o que se passa na política daqui, nós também estamos muito distantes de conhecer os bastidores da política de lá. sempre se tem esperança no novo, mas com a experiência que vivemos hoje, sabemos que as transformações que queremos só serão feitas de baixo para cima. e isso demora tantooo... nós, os revolucionários de sofá.