domingo, 2 de março de 2008

Esquerdismo a serviço do neoliberalismo

*por Erisvaldo Batista Ajala

Lênin escreveu “Esquerdismo, doença infantil do comunismo” e hoje como seria
“Esquerdismo, doença insana dos sectários ? “


Na grave crise política no Brasil, os campos estão cada vez mais delimitados e a polarização se exacerba. Num pólo, as forças democráticas e populares que apóiam o governo Lula e que, mesmo criticando seus equívocos e contradições, enxergam nesta experiência sui generis a chance do país superar o cancro do neoliberalismo.
Na atual crise, as forças conservadoras contam com os aliados de discurso esquerdista.
As “ forças esquerdistas “ gastam bem mais energias, recursos, nesta oposição inflexível do que na crítica às manobras sorrateiras da direita. Não é para menos que a mídia burguesa, sob o controle de poucas famílias, tem dado generosos espaços para estes agrupamentos esquerdistas e assim desqualificando e colocando num mesmo saco partidos históricos na luta pelos trabalhadores, movimentos sociais, etc..
O esquerdismo, a doença Insana dos sectários! Partidários do quanto pior melhor, apenas lamentam o adiamento da revolução.
O problema é que a burguesia também está atenta e as ilusões de classe costumam ser desastrosas. Enquanto o esquerdismo prega o “ fora todos “, não enxergam que isto faz parte do script golpista da elite, se tornam os novos queridinhos da mídia; cedendo espaço que negam o MST, para o ataque o neoliberalismo e ao capitalismo, contra o imperialismo e suas guerras, bancos e especuladores.
O que padece no esquerdismo senil é não perceber que a estratégia da direita não se limita a trucidar o PT e a desgastar o governo Lula; ela deseja mesmo é aniquilar toda esquerda política e social brasileira.
Na hora certa, ela tentará colocar no seu devido cantinho os setores que hoje esbanjam a “ fraseologia revolucionária “ e que investem na construção da chamada “ oposição de esquerda “, sem levar em conta a brutal ofensiva do bloco liberal-conservador, a natureza contraditória do governo Lula e a adversa correlação de forças.

Erisvaldo Batista Ajala, professor e ativista ambiental.

Um comentário:

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

Erisvaldo, acho que procede a sua preocupação com as críticas infantis de setores da esquerda ao governo Lula. O governo Lula representa um marco na história da república brasileira não só do ponto de vista do simbólico - um operário, sindicalista, líder do maior partido de esquerda da América Latina, mas também por um conjunto de políticas públicas que estão construindo a inclusão social, fortalecimento da agricultura familiar, geração de empregos, aumento do consumo interno...Isso basta? É óbvio que não. Em questões cruciais como uma reforma tributária que desonere o consumo e taxe a renda, especialmente a do capital financeiro, fazendo a justiça fiscal, parece não ser uma prioridade do governo Lula. Isso faz com que os pobres continuem pagando a conta. Uma reforma política, que institua o financiamento público de campanha, contribuindo com o combate à corrupção eleitoral, também está ficando para depois. A adesão voluntária e até submissa do governo aos interesses do Norte (EUA), no caso do etanol, merece uma crítica acirrada à Lula, uma vez que o passivo ambiental e social será drástico. Em Mato Grosso do Sul, atualmente 11 usinas de álcool estão instaladas no Estado, 31 estão em implantação e 28 em negociação, totalizando 70 usinas. Isso num solo que tem a bacia pantaneira e o aquífero guarani. Na área ambiental e social, ainda, temos a transposição do Rio São Francisco, o aumento do desmatamento na Amazônia. Enfim, o compromisso da ministra Marina e da sua equipe não tem sido suficiente para enfrentar a outras forças dentro do governo que defendem os interesses do capitalismo selvagem.
No campo da ética, não entro no jogo da direita. Muito pelo contrário, mensalão e uso indevido dos cartões corporativos não iniciaram no Governo Lula. Mas acho que Frei Betto tem razão: muitos do governo foram picados pela mosca azul, esquecendo de4 onde vieram. Por isso acho, que a voz de Chico Alencar, Boff, Betto, Plínio de Arruda Sampaio, Chico de Oliveira e muito outros é absolutamente necessária para fazer avançar a esquerda.