segunda-feira, 17 de março de 2008

Menino deus, menino índio - filho do sol, luz do arco-íris


Um menino índio fez a dança da chicha no meu coração. Encarnou um ritual de amor sob o arco-íris, incorporando o elo entre o humano e o divino, entre o tangível e o intangível, entre o real e o sonho, anunciando a chegada de uma divindidade. Um pouco de Eros, o deus grego do amor, filho de Zeus e de Afrodite, a deusa que me guia. Um menino deus, com um pé no Olimpo e outro aqui, no mundo dos homens e das mulheres, que lança nos corações humanos flechas de sensibilidade, de encanto, de esperanças libertárias. Menino sol, menino luz, farol a indicar caminhos nas noites sem lua cheia, nas noites sem poesias, sem tertúlias. Menino anjo, mensageiro do sonho de justiça e igualdade, guardião de um outro mundo possível, de um futuro de beleza para humanidade, mesmo que uns ainda teimem em negá-lo.
Menino índio, menino deus, menino sol, menino da cor do arco-íris, menino Dídio, MAIAKÓVSKI para você (Feliz aniversário!)


Estrela - Maikóvski
Escutai! Se as estrelas se acendem
será por que alguém precisa delas?
Por que alguém as quer lá em cima?
Será que alguém por elas clama,
por essas cuspidelas de pérolas?
Ei-lo aqui, pois, sufocado, ao meio-dia,
no coração dos turbilhões de poeira;
ei-lo, pois, que corre para o bom Deus,
temendo chegar atrasado,
e que lhe beija chorando a mão fibrosa.Implora!
Precisa absolutamente
duma estrela lá no alto!Jura!
Que não poderia mais suportar
essa tortura de um céu sem estrelas!
Depois vai-se embora,
atormentado, mas bancando o gaiato
e diz a alguém que passa:
"Muito bem! Assim está melhor agora, não é?
Não tens mais medo, hein?"Escutai, pois!
Se as estrelas se acendem
é porque alguém precisa delas.
É porque, em verdade, é indispensável
que sobre todos os tetos, cada noite,
uma única estrela, pelo menos, se alumie.

O Amor - Maiakóvski

Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos, apareça
numa alameda do zoo, sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela, que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século ultrapassará o exame de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado seremos pagos
em enumeráveis noites de estrelas. Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano! Ressuscita-me,
nem que seja só por isso! Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo de casamentos,
concupiscência, salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira. Para viver
livre dos nichos das casa.
Para que doravante
a família seja o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe, pelo menos a Terra.
(ou a mãe seja o Universo e o pai a Terra ou sejamos todos Terra e Universo - Maria-sem-vergonha pede licença ao poeta)

Menino Deus - Caetano Veloso

5 comentários:

ventura disse...

Só é possível te amar...

Scliar disse...

Maiakóvski é tudo de bom. Lindas escolhas para começar este dua ensolarado e friooo. Boa semana! ethel sc

Augusto Araújo disse...

Infelizmente do Maiakovski só lembro aquela q ele fala q dia a dia iam invadindo o espaço dele e le nao falava nada

até q um dia o mais fraco dos inimigos cortou sua lingua

uia!

Unknown disse...

- Dídio quero fazer parte também dessa homenagem que a nanci fez para você.
É também o meu menino sol-guarani.

nanci - que lindo presente...

kartoigres disse...

Linda homenagem ao seu amigo...Maiakoviski nos inspira a amar e a sentir a solidão intrestelar que tanto brilha e é notada a longa distancias...bjs.