domingo, 30 de março de 2008

Tapinha dói sim - funkeiros são condenados pela Justiça

Tapinha dói sim e deixa marcas profundas no corpo e na alma. E fazer apologia da violência contra a mulher é crime. Foi o que decidiu a Justiça Federal de Porto Alegre ao condenar o grupo de funkeiros Furacão 2000 a pagar uma indenização de 500 mil pelo CD “Tapinha”, que incluía um “Tapinha Não Dói”. Vibrei com a decisão do juiz Adriano Vitalino dos Santos, da 7ª Vara Cível Federal. Ele entendeu que a música incita a violência contra a mulher. A indenização irá para o Fundo Federal em Defesa dos Direitos da Mulher.
Quando ouvi esse base (substrato de má qualidade do funk) pela primeira vez, considerei-o um atentado contra as mulheres. E apesar de ser contra a censura, acho que a arte, se é que uma produção tão vil pode ser chamada de arte, não tem licença para propagar o sexismo e a misoginia.
Ainda no ano passado, ao fazermos a criação das peças publicitárias da Aula da Cidadania para o 8 de março, da FETEMS, dirigida aos alunos da rede pública de ensino, utilizamos como slogantapinha dói sim”, desmistificando a letra da música que, por força da indústria cultural, se alastrou no meio juventude. O resultado superou as expectativas e o projeto de comunicação ficou entre os sete melhores no Prêmio Nacional da Revista Imprensa/Mídia da Paz.


Joyce - Feminina

5 comentários:

Augusto Araújo disse...

Nanci, Vai dizer q vc nunca levou um tapinha no sentido q a música fala?

Juiz idiota. daqui a pouco nao vamos poder falar "Amarelou geral" pois os orientais podem ficar ofendidos

"A situaçao está negra" tb vai ser racismo

juiz idiota, tanta coisa errad e o cara vem encher o saco por uma letra de cunho sensual bem menor q o Crééuu e outros lixos q circulam por ae

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

Augusto, esta questão é muito séria. Não admito brincadeirinhas. De acordo com pesquisa da Fundação Perseu Abramo, um terço das mulheres brasileiras admite já ter sido vítima, em algum momento de sua vida, de alguma forma de violência física (24% desde ameaças com armas, ao cerceamento do direito de ir e vir; 22% de agressões propriamente ditas e 13% de estupro conjugal ou abuso); 27% sofreram violências psíquicas e 11% afirmam já ter sofrido assédio sexual (10% dos quais envolvendo abuso de poder, já tipificado em lei).
Isso é muito sério. A violência física é a face mais perversa do sexismo e do machismo. A musiquinha, além de banalizar a violência, estimula adolescentes e jovens a praticá-la. Não estou entrando aqui no debate das preferências eróticas, estou falando da violência que assassina mulheres e que, homens, formados pela cultura machista, tentam impor uma supremacia de gênero com base em atrocidades físicas, morais, psicológicas. O combate à violência contra as mulheres, Augusto, é uma das minhas grandes lutas enquanto cidadã.

WALESCA CASSUNDE disse...

Realmente Augusto. A questão é muito séria. A Nan tem razão. Aliás, essa decisão deveria servir de exemplo ao tribunal de nosso estado, que considerou inconstitucional ( por violação ao principio da isonomia!), a lei Maria da Penha. Durante os longos anos que passei à frente da assessoria jurídica do CDDH pude ver muitas mulheres espancadas- e destruídas tanto física quanto psicologicamente, em razão das violências que sofreram. E, quer saber, a arte, por definição, é a expressão de um ideal de beleza... não deve servir de incitação ao desrespeito. Tapinha não dói? Pois sim! Claro que dói!!!

Augusto Araújo disse...

tá bom nanci

só quero dizer q a musica tem conotaçao sensual e nao de apologia ou incitaçao a violencia

Unknown disse...

O Juiz está corretíssimo, espero que seja o começo de muitas outras decisões nesse sentido de coibir qualquer tipo de apologia a violência física e moral, não é hipocrisia e muito menos de menor importância como entende ainda a maioria da população, que vão se esclarecendo quando a realidade lhes bater a face, quando lhes doer na própria carne ou na de quem ama, que a violência nunca deve ser exaltada, de qualquer maneira ou meio, por menor que seja será sempre violência. O triste de tudo isso é ainda precisarmos de lei para nos fazer respeitar uns aos outros, se até os animais se respeitam. A situação está muito crítica, em muitos sentidos. Mas temos que ser positivos, se já saimos das cavernas e chegamos até aqui, já evoluimos tanto científica e tecnologicamente, claro que é hora de darmos um saltinho que seja na moral e nos sentimentos. Abçs