segunda-feira, 12 de maio de 2008

Publicidade de cerveja é inimiga social

O corpo da mulher é usado nas propagandas
para despertar o desejo da juventude, induzindo a garotada
ao consumo precoce do álccol.


E no meu domingo, entre muito beijos e abraços das crias, vibrei com o artigo de Marilene Filinto na última edição da Caros Amigos. Ela diz que a publicidade de cerveja é inimiga social. Concordo com a escitora. Já faz um tempo que tenho me incomodado com um anúncio, bastante agressivo, na TV de uma tal de Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade). Essa associação tem feito um protesto contra a proibição da propaganda de bebida alcóolica e reclamado o direito à “liberdade de expressão”. Ora, a liberdade de uns não pode prejudicar a liberdade de milhões. Não é necessário ser psicólogo para perceber que as propagandas de cerveja elegem como alvo a juventude e que essa parcela da população é mais suscetível às influências, ainda mais, quando os personagens desses comerciais são mulheres quase nuas servidas em bandejas no bar da "boa". A cerveja é subliminarmente associada ao prazer, à conquista, ao poder fálico. Não diz a tal Abap que, conforme relata Marilene, cerca de 33 milhões de pessoas no Brasil consomem álcool em excesso, fator responsável por 70% das mortes violentas; 42% dos acidentes de trânsito e 45% de todos os problemas familiares e conjugais, inclusive violência sexual doméstica.
No último dia 3 de abril, a Câmara Federal recebeu de mais de 300 entidades um documento com 600 mil assinaturas pedindo a aprovação do Projeto de Lei 2733/08, que restringe a publicidade de bebidas alcoólicas. Atualmente, a legislação que trata do assunto não considera cerveja bebida alcoólica, mas apenas os produtos com teor superior a 13 graus Gay-Lusac (13° GL). Acontece que a cerveja contém 3° GL, teor suficiente para deixar uma pessoa bêbada e sem auto-controle. O projeto de lei quer considerar bebidas alcoólicas aquelas que apresentam concentração igual ou acima de meio grau GL. Se a proposta for aprovada e lutemos todos para que seja, a publicidade de cerveja será limitada a pôsteres, painéis e cartazes na parte interna dos locais de venda.
Pelo visto, a briga está apenas começando. O mercado de cerveja, de acordo com o artigo da Marilene, faturou em 2006 cerca de 22 bilhões de reais e gastou 704 milhões de reais em publicidade. Então, a liberdade de expressão reivindicada pela Abap está associada aos interesses das indústrias e não aos interesses da sociedade. Marilene lembra com muita propriedade o que diz Ignacio Ramonet sobre publicidade, censura e liberdade: “um discurso de propaganda é um discurso que procura, fabricando fatos, ou então ocultando-os, construir um tipo de falsa verdade...Que o discurso de propaganda é, falando com propriedade, um discurso de censura, porque consiste em suprimir, em amputar, em proibir certo número de aspectos dos fatos, ou até a totalidade dos fatos, a ocultá-los, a escondê-los. É preciso armar a sociedade (especialmente os jovens) contra este logro.”

7 comentários:

Mauro Sergio Forasteiro disse...

Putz!
E agora???
O que vou fazer de minha vida
sem aquela cervejinha...
quem me dera se viesse acompanhada
de uma Juliana Paes (eita cerveja BOA)...
isso seria muito bom!! (kkkkkk)...
legal o texto.
bjão procê!

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

kkkkkkk
Mauro, o problema não é a cerveja, mas sim como a publicidade vende esse produto...
Quanto a Juliana Paes pode continua sonhando...sonhar não dói. hehehehehhe
outro bjão procê
volto sempre. adoro as suas visitas

Unknown disse...

Nanci eu também não suporto esse tipo de propaganda e concordo em gênero, número e etnia com você. Sobre a receita da tapioca, nós fazemos daquele jeito porquê a goma vem do Japão, talvez a daí nem precise molhar. Boa semana querida!!!

Unknown disse...

Pequena ...sugestao de pauta para o MSV neste 13 de maio ta:

http://www.midiamax.com/view.php?mat_id=326819

Unknown disse...

O repórter Osvaldo do Midiamax é mestre e tem uma postura muito bacana em pról da defesa dos direitos humanos e igualdade racial. Um jornalista sangue bom mesmo. Beijo querida

Unknown disse...

ano passado, o tema de pesquisa da feira de ciências do grupo do matheus foi justamente a propaganda enganosa da cerveja... encontramos várias coisas interessantes. vou recortar e colar aqui, muitos sem os devidos créditos, por falta de tempo...

"No Brasil, a mulher ainda bebe muito menos do que potencialmente poderia beber. É esperto da parte das indústrias focarem nas mulheres jovens e em jovens em geral porque é esse público que pode mudar o padrão de consumo, não vai ser o cara de 40 anos.” Sérgio Ramos - ABEAD

“Estão querendo agora ampliar o mercado em direção às mulheres jovens. E fazem propaganda enganosa. Mulher que bebe freqüentemente engorda, tem barriga, não tem a exuberância da TV".

"Os dados são insofismáveis: quase metade dos jovens mortos em acidentes de trânsito dirigiam embriagados; o hábito de beber está começando na adolescência, quando ainda não se tem a medida exata das conseqüências do vício. O álcool é o maior responsável pela ausência no trabalho, com impacto importantíssimo sobre a produtividade do brasileiro. O álcool participa ativamente da violência doméstica e da violência nas ruas...

As pessoas bebem porque o álcool pode ser fonte de prazer. Beber moderadamente pode estar ligado a celebrações, e é bom celebrar. Acontece que é papel do Estado conscientizar as pessoas sobre os malefícios do abuso, já que terceiros podem ser afetados por quem bebe descontroladamente, tanto por conta dos acidentes que causa, além de faltas ao serviço (que podem acarretar também desagregação familiar), quanto pelos custos que o tratamento impõe a toda a sociedade. E essa conta, os fabricantes dizem que não é deles...

O resultado de importantes pesquisas, uma delas, patrocinada pela Fapesp, provou que a propaganda atinge profundamente os adolescentes, criando novos consumidores. E o novo alvo dos fabricantes são as mulheres que, supostamente, ainda bebem menos do que o desejável... para eles. Outra pesquisa de âmbito nacional demonstra que boa parte dos adolescentes que experimenta a bebida tende a tornar-se dependentes dela.

... os fabricantes querem nos convencer de que a apelação da propaganda na tevê, a qualquer hora, identificando a bebida — geralmente a cerveja — com a conquista de mulheres “gostosas”, não pretendem carrear novos consumidores, apenas fazer com que os antigos mudem de marca."
Jaime Pinsky - Correio Braziliense - 9/9/2007

... Ronaldinho promove a cerveja que quiser. Se ele disser no comercial que uma brahminha antes do jogo o faz correr mais, aí o órgão regulador saca o velho bom senso (saudades dele) e o desclassifica como propaganda enganosa. Se ele apenas sugere que é consumidor daquela marca, ninguém mais tem nada com isso.
"Bêbados são os outros", (www.nominimo.com.br), 25/02/04

...É isso que temos visto em nossas TVs? Propagandas que não sejam voltadas para jovens e que não se vinculem ao erotismo? Claro que não. Temos visto a “BOA” da Juliana Paes, temos visto várias outras boas, todas com corpos esculturais bem à mostra e todas bebendo. A propaganda não alerta que se bebessem mesmo não teriam aqueles corpos pela singela razão que cerveja engorda. Mas claro que há uma lógica por trás das garotas na publicidade de cerveja. Pesquisas mercadológicas apontaram que o “mercado” de homens adultos, bebedores de final de semana chegara no seu limite. O que fez a indústria? Passou a dirigir seu foco para os jovens, para as mulheres e com a invenção da tal da Zeca-feira pretendem que bebamos mais um dia por semana. Como se isso não fosse o suficiente, vejo que a cerveja Sol, voltada para um público jovem, é a patrocinadora oficial dos jogos do Pan.
http://www.propagandasembebida.org.br
BOLETIM ACCA Nº 101 - 22/06/2007 - Sergio de Paula Ramos (ABEAD)

"As mulheres que tomam três ou mais doses de bebida alcóolica por dia correm praticamente o mesmo risco de desenvolver câncer de mama que aquelas que fumam um maço de cigarros ou mais diariamente."
Jornal do Brasil/RJ - 27/09/07

O Consumo de álcool é hoje um dos mais graves problemas de saúde e segurança pública do Brasil, porque:
- É responsável por mais de 10% de todos os casos de adoecimento e morte no país
- Provoca 60% dos acidentes de trânsito
- É detectado em 70% dos laudos cadavéricos de mortes violentas
- Transforma 18 milhões de brasileiros em dependentes
- Leva 65% dos estudantes de 1º e 2º grau à ingestão precoce, sendo que a metade deles começa a beber entre 10 e 12 anos;
- Está ligado ao abandono de crianças, aos homicídios, delinqüência, violência doméstica, abusos sexuais, acidentes e mortes prematuras.
- Causa intoxicações agudas, coma alcoólico, pancreatite, cirrose hepática, câncer em vários órgãos, hipertensão arterial, doenças do coração, acidente vascular cerebral, má formação do feto; está ligado a doenças sexualmente transmissíveis, Aids e gravidez indesejada.
- Impõe prejuízos incalculáveis, atendimentos em pronto-socorros, internações psiquiátricas, faltas no trabalho; além dos custos humanos, com a diminuição da qualidade de vida dos usuários e de seus familiares.
http://www.propagandasembebida.org.br/

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

Miti, sabia da gravidade dos danos causados pelo álcool, mas não tinha dimensão disso tudo.
Esses dados deveriam ser mostrados na televisão,nas rádios, em propagandas governamentais, nas escolas, enfim em todos os lugares.
vamos falar mais vezes sobre isso.
beijos