quinta-feira, 15 de maio de 2008

Isso é um Escândalo

Foto: J. R. Ripper/Rio


Três quartos da riqueza existente no Brasil estão concentrados nas mãos de apenas 10% da população. Esses dados são oficiais e constam do estudo "Justiça Tributária: Iniqüidade e Desafios", divulgado hoje pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, durante seminário sobre reforma tributária, promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
De acordo com o estudo, o índice de Gini, que mede a desigualdade social de uma população, foi de 0,56 no Brasil em 2006 - o índice varia de 0 a 1, sendo 0 a perfeita igualdade e 1 a completa desigualdade. Segundo Pochmann, isso significa que a desigualdade social diminuiu no Brasil em 2006, mas ainda está no patamar do período militar e em nível pior do que antes do golpe de 1964.
Segundo o levantamento feito pelo Ipea, os 10% mais pobres do país comprometem 33% de seus rendimentos em impostos, enquanto que os 10% mais ricos pagam 23% em impostos. Trocando em miúdos: os mais pobres pagam, proporcionalmente, mais impostos do que os ricos. Então, é urgente, urgentíssima, uma reforma tributária que corrija isso.
Veja: os números do Ipea mostram que os impostos indiretos (aqueles embutidos nos preços de produtos e serviços) são os principais indutores dessa desigualdade. Os pobres pagam, proporcionalmente, três vezes mais ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que os ricos. Enquanto os ricos desembolsam em média 5,7% em ICMS, os pobres pagam 16% no mesmo imposto. Portanto, é imprescindível desonerar o consumo e taxar a renda e o lucro. Só que diante de qualquer proposta nesta direção, a chiadeira é grande por parte dos ricos que controlam a mídia, o Congresso Nacional e setores importantes do governo.
Nos impostos diretos (sobre renda e propriedade) a situação é menos grave, mas também desfavorável aos mais pobres. O IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) tem praticamente a mesma incidência para todos, com alíquotas variando de 0,5% para os mais pobres a 0,6% e 0,7¨% para os mais ricos. Já o IPTU (Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana) privilegia os ricos. Entre os 10% mais pobres, a alíquota média é de 1,8%; já para os 10% mais ricos, a alíquota é de 1,4%. O presidente do Ipea reconhece que as mansões pagam menos imposto que as favelas, e estas ainda não têm serviços públicos como água, esgoto e coleta de lixo. Esses dados são escandalosos.

2 comentários:

Unknown disse...

Nanci eu li na internet. Também fiquei horrorizada. Linda a música de Arnaldo Antunes. Bjks

RENATA CORDEIRO disse...

Interessante post, bem como o blog. Meu nome é Renata Maria e quando eu era crianças todo mundo me chamava de Maria Sem Vergonha. Eu chorava. Agora, adoro! Vamos trocar visitas? Vá ao meu: wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não tem ponto depois de www
Um abraço,
Renata Cordeiro