quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Lou Salomé: uma "sem vergonha" brilhante e encantadora



Hoje, acordei invocando a energia e a coragem de Lou Andreas-Salomé. Também tenho os meus mitos, esses seres tão necessários que nos inspiram, nos dão força para quebrar muros e cercas e, às vezes, até ousar transformar letras em palavras e palavras em versos. E Lou Salomé é uma dessas mulheres “sem vergonha” , à frente do seu tempo, que alimentam o meu ser. Sua sede de aprender, questionar e encantar. Sua paixão pela vida. Sua audácia e inteligência. Seu ser revolucionário que desafiou culturas, homens e mulheres. De nacionalidade russa, participou ativamente da intelecutalidade alemã, quebrou regras e escandalizou a sociedade. Ah! Se não fossem essas senhoras desavergonhadas, os nossos corpos e almas ainda seriam propriedades privadas dos seres masculinos.
Alguém disse que Lou era como uma aranha após a cópula. Absorvia o conhecimento, desprezava o objeto já absorvido e buscava novos caminhos.
Lou que encantou Friedrich Nietzsche, deixando o filósofo “humano, demasiado humano” ao experimentar as dores da paixão, fez arder os desejos Paul Ree, Rilke, Tausk...Sobre ela, Freud dissera que fora a mulher mais encantadora e inteligente que conhecera. A sua autenticidade não tinha limites. Em um dos aniversários de Freud, mandou-lhe uma carta dando as felicitações pela data e aproveitando para dizer que refutava por completo a teoria psicanalítica de amigo.
Ah, essa Lou!

“Ouse, ouse... ouse tudo!!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo!
Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio,
mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!”
Lou Salomé

8 comentários:

Unknown disse...

Confesso que a Maria-sem-vergonha aproximou a Lou Salomé -adorei o nome. Quanto a construção textual, como sempre um primor...
Fiquei curiosa e fui atrás de mais informação, achei coisas maravilhosas...parecidas com a carta da Lispector para sua irmã.

"só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal. Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas... e, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento, tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro."

É preciso que a gente seja sempre, um para o outro, duas deliciosas surpresas fecundas. Aquele mundo da fábula de La Fontaine "Os dois pombos", que aconselha aos amantes: "Amantes, felizes amantes, vocês querem viajar? Que seja pelas margens próximas/Sejam um para o outro um mundo sempre belo, sempre diverso, sempre novo./ Sejam um todo um para o outro, contem por nada o resto".


"Pois, nos seio mesmo da paixão, nunca se deve tratar de "conhecer perfeitamente o outro": por mais que progridam neste conhecimento, a paixão restabelece constantemente entre os dois este contato fecundo que não pode se comparar a nenhuma relação de simpatia e os coloca de novo em sua relação original: a violência do espanto que cada um deles produz sobre o outro e que põe limites a toda tentativa de apreender objetivamente este parceiro. É terrível de dizer, mas , no fundo, o amante não está querendo saber "quem é" em realidade seu parceiro. Estouvado em seu egoísmo, ele se contenta de saber que o outro lhe faz um bem incompreensível... os amantes permanecem um para o outro, em última análise, um mistério."

Adorei. bjs

Unknown disse...

Se permitir, ser feliz, não se importar com os que pensam que sabem dizem...Lou Salomé maravilhosa!! É encantador descobrir seres que já se foram e deixaram muitas inspirações para nós MSVs. Viver viver ... que nossos filhos nos compreendam e nos amem e entendam que as MSVs têm um desequilíbrio necessário, apaixonante, irritante... Beijo PEQUENA GIGANTE

JACK - OBRIGADA POR PUBLICAR O MATERIAL SOBRE A REBELDIAAAAAAA

Unknown disse...

Nanci ... tudo de bom este texto ... aliás que belo blog ... coisas de Nancizinha !!!


Parabéns .... Kelly

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

...qualidade do que é ousado...
ato audacioso...
atrevimento...
destemor...
arrojo...
coragem...
audácia...
galhardia...

inúmeros são os significados de OUSADIA, e é isso ai...
Mas com certeza o sentido real desta palavra é verdadeiramente reconhecido dentro da alma de cada pessoa.
Cada uma de nós, principalmente nós mulheres, sabemos quais são as ousadias que diariamente nos pegamos fazendo...e sentimos na pele as consequências, que nem sempre são "boas" em nossas vidas, mas sabemos também do gosto de gozar desta que nos move, nos modifica, nos surpreende, nos renasce todos os dias.

OUSADIA... quando penso em NANCI...- a culpada de todo esse gozo permanente poético que estamos tendo há alguns dias através do MSV- esta é a primeira palavra que me vem na cabeça, da mesma forma quando me relembro de THELMA e LOUISE, de SELMA (dançando no escuro) de Pepa (mulheres a beira de um ataque de nervos), DORCELINA FOLADOR, CLARICE LISPECTOR, MARTA GUARANI, e tantas outras mulheres das quais fizeram da ousadia sua SOBREVIVÊNCIA.


Maravilhoso texto Nanci...
VIDA LONDA A MARIA SEM VERGONHA!!!!
\o/

maria sem-vergonha disse...

A vergonha nos tira do caminho do crescimento existencial e nos coloca de frente com a insatisfação humana...A incapacidade de poder vivenciar o diferente é se negar e se condenao ao mediocre,pois acredito,com disse Quintana,que a coragem é a maior virtude do ser humano.então pelo menos ouse a viver.
Nanci,vc se sentido sem identidade é serio...rsrsrs ...bjs com gosto de vida.

kartoigres disse...

Oi foi eu q fis o comentario acima,acho que ja me tornei de fato uma Mari-Sem-vergonha...rsrsrs...Sergio

Unknown disse...

São muitas as mulheres, mas também amo a Lou Salomé, que aprendi a conhecer lendo Nietzsche. Gostaria de ter a ousadia dela.