quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Apesar da grande mídia, Fidel vive e viverá. Cuba livre também.

Quando a revolução cubana foi vitoriosa em 1959, minha mãe ainda era uma menina quase moça. Isso quer dizer que eu não era sequer projeto de vida, quando Fidel, Raul Castro, Che e os seus companheiros, depois de montarem base guerrilheira na Sierra Maestra e conquistarem o apoio dos campesinos, derrubaram o governo do ditador Fulgêncio Batista, devolvendo Cuba aos cubanos. Até então, a ilha era um quintal, ou melhor, um misto de cabaré e cassino dos Estados Unidos. Aliás, essa parte da história nunca aparece nas reportagens da grande mídia. Aliás, a grande mídia não dá voz, por exemplo, a intelectuais como Noam Chomsky, lingüista estadunidense, respeitado no mundo acadêmico em todo o planeta terra, que demonstra, a partir de dados e números, que os Estados Unidos são o país mais terrorista do globo e nunca vi um jornal chamar Bush de terrorista. Aliás, o Jornal da Globo desta noite me deu ânsia de vômito ao retratar a história de Fidel. A velha fórmula da manipulação para anunciar o pensamento da emissora como verdade absoluta, acima da história.
Mas voltando à nossa ilha vermelha e hermosa, foi apenas vinte e cinco anos depois da revolução, por volta dos meus 14 anos, que Cuba me foi apresentada por Geraldo Garcia e Cácia Cortez como uma referência do sonho de igualdade, da auto-determinação dos povos, de soberania, enfim, do sonho socialista. Um sonho que nos moveu e nos move - às vezes, com mais intensidade para uns e menos intensidade para outros/as (alguns até se perderam no caminho). Um sonho que foi ganhando outras nuances, incorporando a igualdade de gênero, étnica, a defesa do meio ambiente, mas que, sem nenhuma dúvida, teve traços de José Marti, líder intelecutal e poeta cubano, que merece destaque na história do pensamento socialista latino-americano e mundial e a quem Fidel e seu povo sempre procuram honrar, entoando e replicando seus pensamentos, versos e ensinamentos - “Con los pobres de la tierra/ Quiero yo mi suerte echar” (Martí).
A coragem e a determinação de Fidel, do conselho da revolução e do povo cubano foram alimentos para a resistência aos embargos econômicos, às propagandas anti-comunistas espalhadas pela mídia, aos ataques do império comandados pelos Estados Unidos, que não admitem que nenhum povo construa com as suas próprias mãos um destino diferente do capitalismo.
Hoje,19 de fevereiro, ao deixar a Presidência do Conselho de Estado de Cuba, Fidel, bem diferente do retrato mal pintado pela grande mídia, que a serviço da ideologia estadunidense já o declarou morto diversas vezes, demonstra ser um homem revolucionário no sentido pleno: “Não me despeço de vocês. Desejo apenas lutar como um soldado das idéias. Continuarei a escrever sob o título 'Reflexões do companheiro Fidel'. Será mais uma arma do arsenal com o qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso".
Apesar de a grande Mídia e do império decadente dos EUA, Fidel vive e viverá. Cuba livre também. E os sonhos de José Martí, Simon Bolívar, Tupac Amaru, Zumbi, Antônio Conselheiro, Marçal de Souza e outros latino-americanos também.

Melhor retrato de Fidel

Deixo aqui o melhor retrato do Fidel, feito com palavras sábias de Ignácio Ramonet, grande jornalista do Le Monde Diplomatique:

“A coisa mais surpreendente que eu achei sobre esse homem, em mais de cem horas que passamos juntos em conversas para a compilação de sua memória, foi o quanto ele era modesto, humano, discreto e respeitoso. Ele tem uma enorme moral e senso ético. Ele é um homem de princípios rigorosos e existência sóbria. Ele também é – eu descobri – apaixonado pelo meio ambiente.Ele não é nem o homem que a mídia ocidental pinta nem o super-homem que a imprensa cubana às vezes apresenta. Ele é um homem normal, ainda que um homem incrivelmente batalhador. É um estrategista exemplar, que conduziu sua vida com permanente resistência. Ele contém uma curiosa mistura de idealismo e pragmatismo: ele sonha com uma sociedade perfeita, mas sabe que as condições materiais são muito difíceis de serem transformadas. Ele deixa seu gabinete confiante que o sistema político de Cuba está estável. Sua preocupação atual não é mais sobre o socialismo no seu país do que a qualidade de vida ao redor do mundo, onde muitas crianças são iletradas, famintas e sofrendo de doenças que poderiam ser facilmente curáveis.”



6 comentários:

Unknown disse...

As campanhas de desinformação sobre Cuba , comandada pela histeria Anti-cubana capitaneada pelo imperio fascista norte americano,não conseguem apagar a realidade.
O único país socialista do ocidente é também o único onde o povo tem participação democrática ,ativa no debate sobre o presente e a construção do futuro.
As manobras Anti-Cubanas se somam à grande lista de agressões,hostilidades,tentativas de isolamento e asfixia, na tentativa de colocar Cuba no caminho de volta ao neocolonialismo.
O que ocorre em Cuba confirma o erro daqueles que dizem que o Socialismo morreu. o Socialismo vive no mundo, o Socialismo Vive em Cuba.
Eu identifico a carta do Comandante Fidel com um trecho escrito pelo Subcomandante Marcos em março de 1995 nas montanhas do México.
" A Flor Prometida"
"...Mas percebo que, com essa carta, vocês podem fazer uma flor de papel para colocar na lapela ou no cabelo, dependendo do caso, e sair para dançar com tão encantador adorno.
eu vos deixo porque outro avião passa e tenho que apagar a vela, mas não a esperança.Mesmo se eu morrer, a esperança não se apagará.
Não esqueçam a flor : caule verde, pétalas brancas,folhas vermelhas...."
Viva Fidel sempre!
Erisvaldo.
Um beijo Nanci.

Unknown disse...

"Ele contém uma curiosa mistura de idealismo e pragmatismo: ele sonha com uma sociedade perfeita, mas sabe que as condições materiais são muito difíceis de serem transformadas.Ele deixa seu gabinete confiante que o sistema político de Cuba está estável. Sua preocupação atual não é mais sobre o socialismo no seu país do que a qualidade de vida ao redor do mundo, onde muitas crianças são iletradas, famintas e sofrendo de doenças que poderiam ser facilmente curáveis.”
Quando teremos outro ou outros? Só a história responderá.
Cida Squinelo

nietzsche disse...

A historia de Cuba pressionada, espoliada, explorada, prostituida, é antes de Fidel e Che. Fidel impôs respeito na Ilha, deu dignidade ao povo e controlou os oposicionistas. Os americanos, desde John Kennedy até os atuais, sempre tentaram desmobilisar a politica cubana com o bloqueio, que o Brasil votou contra,invadindo e tentando assassinar Fidel com envenenamento na comida. Fidel resistiu a tudo isso. Cuba nao é o paraiso, mas todos tem moradia, a comida é racionada, mas ninguém morre de fome e a saude esta em primeiro plano. O Che foi entrevistado por Sartre numa conversa em Paris, fumando charutos e trocando experiencias como dois amantes da causa justa. A guerra desumanitaria americana ainda é endeusada por canais de tv do Brasil que respeita 100% a linha editorial do abuso de poder midiatico. Graças a Deus nao vejo Globo e se visse talvez estaria no desgosto zapeando no sofa da raiva. Bravo Nanci! Grand Bravo! Amei este canal livre, sensivel e puro de idéias.

ventura disse...

Amada
seus texto possuem a interessante mistura da ácidez de palavras não rudes, sim firmes, e aroma do campo, embebidas em tardes deliciosamente leves...
Parabéns por essa contribuição sobre nosso Fidel, que claro cometeu seus excessos, mas que o símbolo é muito maior, a maneira como a história da humanidade olhará para Cuba é do nosso sonho eterno
Não mem contive, me achei egoísta apenas comentando-o, mandei para todas minhas listas e contatos, que Maria Sem Vergonha, perca o pudores e ganhe o mundo
beijo, obrigado pela paciência, com este nobre vagabundo

Unknown disse...

Maria-sem-vergonha você lavou minha alma,.. quando assisti os noticiários, meu estômago foi gelando e pedrificando de tanto nojo da afrontosa manipulação..fico pensando naquelas pessoas nunca tiveram a oportunidade de conhecer o outro lado da história da revolução cubana.
Bendita seja sua capacidade, sua loucura para expressar o que nós sentimos...tenha certeza que não está sozinha em seus pensamentos.
Você escreve pela/para joanas, cidas, severinas, anas, amélias, josés, antonios, pedros, joaquins, eu, você, nós e para eles(esses babacas)...
Tomo emprestado o elogio do Revolucionário de Brech e dedico à você a Fidel e ao povo Cubano.

"Quando aumenta a repressão, muitos desanimam.
Mas a coragem dele aumenta.
Organiza sua luta pelo salário, pelo pão
e pela conquista do poder.
Interroga a propriedade:
De onde vens?
Pergunta a cada idéia:
Serves a quem?
Ali onde todos calam, ele fala
E onde reina a opressão e se acusa o destino,
ele cita os nomes.
À mesa onde ele se senta
se senta a insatisfação.
À comida sabe mal e a sala se torna estreita.
Aonde o vai a revolta
e de onde o expulsam
persiste a agitação."


Seu texto está maravilhoso...

morrone disse...

Hoje fui eu quem chorou...Suas palavras e a forma de abordar um tema que não é uma simples retrospectiva de fatos, não é uma simples cronologia linear de cenas para vulgarizar um dos maiores acontecimentos do século passado no planeta terra. A revolução cubana, seus inumeros personagens, a autonomia de um povo, a educação, a saude, o combate ao imperialismo...isso me estimula, me encoraja e suas palavras abordam esse tema de forma simples, mas com a profundidade que só poetas e filósofos conseguem fazer. Como já te falei, no dia 20 estava acampando no Uy quando li no diário de circulação nacional "El País" que no dia anterior Fidel havia renunciado e as matérias indicando a derrota de um líder e de um modo de vida, de uma opção de relações sociais. Os comentaristas variavam, desde agentes da CIA, até uma irmã de Fidel chamada Juanita que vive em Miame e dizia "Fidel no escucha, Raul no es blando, pero acepta pelo menos a dialogar". Junto com grandes manchetes, fotos e matérias dos festejos dos cubanos que vivem em Miame tinha uma pequena matéria que dizia " "Uruguayos en Cuba: calma y normalidad en jornada histórica" acompanhada de depoimentos de uruguaiso q vivem em Cuba afirmando que está tudo em paz e tranqüilo. O denso encarte com mais de dez pg grande (tipo Folha), com retrospectivas histórica, dados da economia e de relações internacionais sempre tendendo para a direita, procurando subliminarmente descaracterizar um símbolo de todos que lutam por um outro mundo possível, de todos que combatem o imperialismo. Mas, "Al final", na página reservada ao editorial, lá no topo, onde todo mundo lê, no lugar de la frase del dia dizia sabe o quê ? "La renuncia de Fidel Castro deberia significar el comienzo de la transición democrática de Cuba" E sabe quem disse ? Nada mais, nada menos que George W. Bush. Presidente de EEUU. Ai Nanci, se vc fica enjoada com o "Globo" eu tb fico com o "EL País"... temos que combater a mídia bancada pelo império e fazer junto com vc formas alternativas de comunicação.

Um beijão.