quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Flor, flor bela, Florbela Espanca - poesia, literatura e livros para todos na Internet


Passe para frente esta dica:
Imagine você encontrando obras de Machado de Assis, José Martí, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Victor Hugo, Oscar Wilde, Augusto dos Anjos, William Shakespeare, Olavo Bilac, Proust, enfim, a lista é enorme. E mais: livros sobre comunicação, direito, filosofia, história arquitetura, meio ambiente. Tudo isso gratuito, de domínio público. Basta que você clique e baixe os arquivos. Então, acesse o site da Biblioteca Virtual do governo brasileiro e boa leitura:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp

Como tenho paixão por literatura, a minha primeira viagem pela Biblioteca Virtual foi regada de poesia. Hoje, eu me deliciei com Florbela Espanca, poeta portuguesa, intensa, inquieta... Essa Flor que, precursora do movimento feminista em Portugal, levou para a poesia seus sofrimentos, dores, amores, desejos e angústias. Com uma dose de erotização e feminilidade, as suas poesias envolvem, seduzem. Os seus versos tem musicalidade...e no Brasil, Fagner, nos bons e velhos tempos, antes de ter optado pelo caminho fácil da breguice da indústrial cultural, cantou com maestria o poema Fanatismo de Florbela Espanca.
Flor, flor bela, Floberla...

Fanatismo

Florbela Espanca

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!..."




Vaidade
Florbela Espanca

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...

E não sou nada!...


Um comentário:

Unknown disse...

Languidez

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...
E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...


Florbela Espanca