sábado, 7 de junho de 2008

O doce e o amargo da vida

Foto: Ravedutti/Espetáculo No Doce e Amargo das Coisas de que Somos Feitos

Lá estava ela. Mais de uma. Múltipla. Sua voz ganhava forma de desabafo em vários corpos. Sentimentos em ebulição, brotando da sua genitália, do seu plexo solar, saltando das suas vísceras, exalando dos seus poros. A felicidade e a infelicidade. A vida e a morte. A liberdade e a prisão. O amor e o ódio. O doce e o amargo...tudo ao mesmo tempo agora...Ela diz, eu sinto, eu digo, ela sente...porque a vida é curta tenho medo, tenho coragem, sinto alegria, sinto tristeza...Eu rio. Eu choro. Esse ser selvagem que me habita e me arrasta, galopa sobre a minha alma e me faz santa, anjo, doce e, logo mais, despudorada, rasgando as muralhas... Clarice...Ah! Clarice Lispector. Você ali, entre cafés, esse sabor amargo que adoça a minha vida. Você ali num ambiente cênico, a sua morada, a sua casa, você se multiplicando em vários cantos, em várias janelas...a sua voz em outras vozes replicando dentro do meu ser.... os meus olhos brilhando, brilhando...o meu corpo desejando ...desejos inconfessáveis de vida e de morte...querendo virar um punhado de areia para ser jogado com raiva e doçura...uma fúria doida diante daquela máquina de escrever...vontade de parir outras palavras...e, por fim, fiquei parada, estática, sem vontade de sair daquele depósito cênico...Clarice Lispector ganhou todas as suas vidas no espetáculo “No gosto doce e amargo das coisas de que somos feitos", em cartaz no Sesc Horto, sob a direção de Nill Amaral...um espetáculo brilhante, ousado, instigante e surpreendente. Um marco na dramaturgia sul-mato-grossense. Imperdível.


Jardim da Fantasia/Bem-te-vi - Paulinho Pedra Azul

5 comentários:

D disse...

Que inveja...

RENATA CORDEIRO disse...

Querida,a ndo provando muito do amargo d avida, por isso, vou pedir-lhe um favor. Desculpe-me, mas tive de fazer um novo post hj, tão perto do anterior, porque essas resenhas serão publicadas pela USP dentro em breve, então tenho que correr. Peço a sua compreensão e que vc ponha um comentário, caso contrário não haverá publicação.
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um beijo,
RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO

Unknown disse...

Adoroa essa música, é linda demais. Estou a procura da carta de Clarice Lispector a sua irmã Tânia, escrita quando ela estava em Berna, você tem? Bom domingo amiga!!!

Anônimo disse...

Adorei o post querida...mil beijos

Dani

Unknown disse...

Quero ir hoje à apresentação...aguarde meus sentidos. bjs