sábado, 14 de junho de 2008

No coração do Pantanal


Atravessei o pantanal. Não, não fui naquele velho trem. Entre os grandes crimes que as privatizações tucanas neoliberais cometeram contra o patrimônio público, está a privatização da ferrovia Noroeste do Brasil. A privatização, além de sucatear toda a malha ferroviária, acabou com o Trem do Pantanal enquanto opção de transporte de pessoas, de turistas e de fomento da nossa cultura. Quem pegou aquele trem sabe do que estou falando: as índias nas estações com suas cestas carregadas de feijão, milho verde, guariroba; o artesanato regional; o nascer do sol no coração do pantanal, encharcando a nossa alma de luz e natureza.
Ainda me lembro da última viagem que fiz no trem pantaneiro. Era carnaval. O melhor destino para a juventude no carnaval era soltar toda energia na folia corumbaense. Corumbá e Ladário têm uma ligação umbilical com a cultura carioca, fruto da influência dos marinheiros. O samba explode na avenida da cidade branca. Eu curtia mesmo os blocos carnavalescos. Entre eles, o Flor de Abacate, um bloco masculino que leva a irreverência para a avenida...Os homens de sarongue branco cantando: "Flor, Flor, carnaval já chegou..."
Desta vez, não fui a passeio. A missão era trabalhar. Fiquei trancada numa sala de reunião por mais de 12 horas. O sabor da cultura corumbaense senti apenas na culinária, experimentado um flié de pintado na Peixaria do Lulu.Que peixada boa!
Voltarei em breve para lá...e, desta vez, espero caminhar pelas ladeiras e ir para a beira do Rio Paraguai...e sentir o meu coração bater desigual.



Trem do Pantanal - Almir Sater



SE - Djavan


5 comentários:

ROSA E OLIVIER disse...

Piú giú, in fondo alla Tuscolana..
oltre Cinecittà, c'è un prato..."

!?...passavo per un saluto!

DE-PROPOSITO disse...

Tudo o que fala de Pantanal me deslumbra. Assim como descrições do sertão. Não é por acaso que adoro os livros de José de Alencar.
Sobre as grandes linhas de caminho de ferro, temos de compreender. Vivemos num sistema capitalista. O que não dá lucro não interessa. É a doutrina do sistema.
Também em PORTUGAL têm acabado com linhas de caminho de ferro que eram monumentos.
Fica bem.
Felicidades
Manuel

Unknown disse...

Nanci eu adora Corumbá, estranho o calorão...aquelas casas antigas, as janelas as portas, o Rio Paraguai, a comida...mas o que mais gosto e do seu povo. Sempre falo, Corumbá com relação ao MS é sui generis, e sou apaixonada pelo diferente, pelo distoante...é como se próprio Rio Paraguai colocasse um barreira protetora nessa cidade linda! o sutaque diferente, as comidas são peculiares...essa mistura Rio com Pantanal, que coisa boa ficou. Não conheço um corumbaense que não tenha um quadro de Corumbá em sua sala e quando toca Flor do Abacate é como se tocasse um hino nacional todos levantam e cantam...tenho um certo encantamento...essa identidade coletiva, causada pela diferença... e assim vejo Corumbá. Branca, luminosa como uma orixá,...uma eterna sedutora, para os que aprenderam a amar as diferenças!!!..

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

É isso mesmo. O corumbaense tem uma auto-estima alta. Um povo que gosta e canta a sua terra. Corumbá foi palco de muitas batalhas e disputa e chegou a ser tomada pelos paraguaios.No século XIX, a cidade tinha o terceiro mais importante porto da América Latina...a cidade branca abrigou che guevara, janio quadros qdo permaneceu preso pela ditatura militar...interessante essa história do Jãnio...fiquei sabendo por meio do mural do hotel.´Os corumbaenses gostam de registrar com imagens a sua história.

dpeluso disse...

O TRANSPORTE FERROVIARIO COMEÇOU A ACABAR COM A CRIAÇÃO DAQUELAS TERRIVEIS RFFSA, FEPASAS, ETC,ETC.TODAS TIVERAM FINAL MELANCOLICO! AS FERROVIAS BRASILEIRAS SÓ EXISTIRAM QUANDO ESTAVAM NAS MÃOS PRIVADAS, COMO AGORA.ESTATAIS, NUNCA MAIS. SEMPRE FORAM MUITO BOAS PARA SEUS EMPREGADOS, COM NOSSO DINHEIRO! BEM VINDO, TREM DO PANTANAL.