domingo, 15 de junho de 2008

Adeus, grilos! Rumo ao céu azul


*por Kelly Garcia

Todo mundo espera alguma coisa do sábado à noite. bem no fundo todo mundo quer zoar”...assim começa uma música do Lulu Santos. E eu estou aqui num sábado, de temperatura agradável, conseguindo escutar um grilo, monotonamente, fazendo o mesmo criiiii criiiii criiii.
Sem programa e solitária, fiz o que boa parte das pessoas da minha idade fazem, ligam o computador e buscam um preechimento para esses vazios cheios de grilos.
- Criiiiiiiiiiiiiiiiii infindável e monótono é o que tenho hoje.
Contudo, tenho nos lábios um sorriso porque não estou triste. Pelo contrário, estou exultante! O chatinho do grilo não sabe que hoje deixei de ser uma mulher-grilo. E isso não significa que consegui tirar minhas “neuras” da cabeças, até mesmo porque delas já desisti. Limito-me a uma fleumática relação de boa vizinhança, já que elas são incontroláveis graças ao seu rápido ciclo reprodutivo que supera o do mosquito da dengue e sequer precisa de água parada.
Minha excitação é porque deixei de ser uma fazedora de criiiiiiiiiiiiiii - esse som uníssono que a mulher-grilo produz quando não consegue mudar o rumo da sua vida, mesmo tendo plena consciência de quem é seu ladrão de ar.
- Adeus criiiiiiiiiiii criiiiiiiiiiiiiii criiiiiiiiiiiiiiiii... Não fui condenada biologicamente a ser monótona, como os grilos, fui forjada historicamente para ser uma transformadora da realidade. E esse é o meu desejo!
Só as possibilidades de mudanças animam os dias de minha vida, e, por isso, adeus, medo!
Vou aceitar as minhas metamorfoses. Estou louca para ver o céu azul.

*Kelly Garcia é advogada, militante socialista, mestre em Educação e nas horas vagas estilista da Maria do Povo

4 comentários:

Maria-Sem-Vergonha do Cerrado disse...

Ah, kelly! Já senti esses grilos cantando.Eles gostam da madrugada.
E, na madrugada, só, somente só, os grilos torturam. Não querem diálogos, querem estourar a nossa alma com seus monólogos estridentes, com seus efeitos sonoros.Minha mãe dizia que o canto deles em cada ambiente da casa tem um significado - geralmente nada positivo. Por isso, eu vivia caçando os grilos...hoje, caço os meus próprios grilos. às vezes, consigo expulsá-los. Mas eles voltam com os seus cricrrrrrriiiiiiiiis.

Unknown disse...

rs. grilos não são tão maus assim. alguns querem até criar em gaiolas p/ ouvir o cri-cri deles (pesquisei o que o grilos comem e encontrei recomendações pra criar grilos), outros gravaram o som p/ escutar sempre, alguns relaxam com a "música" deles. tem gosto pra tudo. os grilos também não tem culpa da utilidade p/ que serviram pros grileiros.
tem também o grilo falante do pinóquio, nossa consciência. essa depois, vem dizer o que fizemos de errado.
agora, a culpa dos grilos das nossas cabeças é nossa mesmo. ocupar o tempo com coisas boas e policiar grilos nocivos que só prejudicam a nossa felicidade e conseguem estragar tudo - é a história do "qual sobreviverá?: o que você alimenta". mas acho também que o momento em que conseguimos escutar o grilo inseto é um momento em que está quase chegando ao estágio de vazio da mente do budismo, quase. conseguir escutar o grilo significa desligar-se um pouco do mundo louco que vivemos pra prestar atenção no mínimo, no pequeno - um ser tão pequeno que consegue incomodar tanto. e como canta alto.

Barone disse...

Kelly. Você é tudo, menos monótona...

ROSA E OLIVIER disse...

"Suzanne takes you down
to her place near the river,
you can hear the boats go by
you can stay the night beside her.
And you know that she's half crazy
but that's why you want to be there..."!?...
Salut!