domingo, 1 de junho de 2008

A culpa é da mulher




Caiu em minhas mãos novamente Textos da Fogueira, de Rose Marie Muraro, feminista e estudiosa das relações assimétricas de gênero. Como é bom relê-la. Vou devorando as palavras, saboreando os conceitos e me deliciando com as linhas e entrelinhas dos seus estudos. E lá vem ela resgatando o Paraíso, Jardim das Delícias, como lembrança arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Paraíso que vai se esvaindo à medida em que o homem começa a dominar a natureza e, depois, vai construindo a cultura patriarcal, submetendo a mulher aos seus domínios. E foi com o patriarcado que o poder se assentou sobre a satanização da sexualidade em nome do sagrado. "Durante os últimos oito mil anos, a cultura ocidental baseou a relação opressor/oprimido na normatização do comportamento ambos, mediante o controle da sexualidade pela moral convencional, a fim de que a insatisfação de homens e mulheres fizesse funcionar o sistema por meio de um trabalho compulsivo e sem recompensa nesta vida", afirma Rose Marie Muraro. É assim que essa feminista vai explicando a satanização da mulher ao longo da história, principalmente, com o cristianismo que passou a concebê-la como instrumento do demônio, fonte do pecado, responsável pela perdição mundana do homem. E essa satanização ganhou contornos ainda mais cruéis nas fogueiras ardentes do inferno da Idade Média, com o genocídio das bruxas. Um dia desses recebi um texto tão medíocre que acabei me lembrando da obra O Malleus Maleficarum, a bíblia dos inquisidores que justificou o assassinato de milhões de mulheres na Inquisição, uma vez que, consideradas bruxas, eram instrumentos do satanás, destruidoras dos lares, hereges, enfim, eram o caminho da perdição masculina desde os tempos de Adão, que se deixou levar pela serpente e mordeu a maçã.
Ah, mas felizmente esses resquícios do patriarcado vêm sendo destruídos graças ao movimento da história, à emancipação da mulher e das etnias oprimidas que vão se deixando seduzir por novas relações sociais e experimentando o doce sabor da igualdade. "E chegou o dia em que o risco de permanecer apertada no botão era mais doloroso que o risco necessário para florir." Anais Nin


3 comentários:

Talita Corrêa disse...

Me fez lembrar Joana Darc. Amooooooo!

Bjs

RENATA CORDEIRO disse...

É,nem parece que se passaram séculos. Vc já foi ao meu blog e não conseguiu pôr comentários. Se não conseguir, mande um e-mail que eu ponho como comentário. Adoro vc, maria-sem-vergonha. Vá ao meu blog, há novidades.
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um beijo,
Renata

Unknown disse...

nanci faço questão de preparar um texto no capricho pra comentar o seu post! Vou me dedicar, faz tempo que que escrever alguma coisa á respeito. bjs Aguarde...