sábado, 11 de outubro de 2008

Maria Sem Vergonha voltou - um retorno no meio da grande crise do capitalismo


Depois de um isolamento forçado, Maria Sem Vergonha do Cerrado sai do casulo e começa a voar com as asas de borboletas azuis. Está certo que é um vôo meio desajeitado, torto, mas livre dos sintomas claustrófobos. É possível respirar outros ares. É possível ver o sol e os desenhos dos seus raios pincelando sombras que se distorcem e se contorcem até aonde o meu olhar pode ir para alcançá-las ...e o coração dispara. Estar viva é muito bom.
E entre as sombras contorcidas vejo o efeitos bombásticos do capitalismo eclodirem no berço do império e em vários lugares do mundo. A impáfia neoliberal estadunidense vai sendo quebrada, a mão do Estado socorre o mercado dominado, até então, pelos agiotas do capital financeiro e já não escuto nenhum paladino do neoliberalismo defendendo as suas teses tão propagadas nos anos 90, quando anunciavam a necessidade do Estado mínimo, a liberalização da economia, o fim da história e a morte da luta de classes, da esquerda e do pensamento marxista.
Lendo uma entrevista com François Chesnais na Agência Carta Maior, é possível compreender com lucidez as raízes e os efeitos da crise, que está apenas começando.

“Estamos diante de um desses momentos em que a crise vem exprimir os limites históricos do sistema capitalista. Não se trata de alguma versão da teoria da "crise final" do capitalismo, ou algo do estilo. Do que sim se trata, na minha opinião, é de entender que estamos confrontados com uma situação em que se exprimem estes limites históricos da produção capitalista. Não quero parecer um pastor com a sua Bíblia marxista, mas quero ler-vos uma passagem de O Capital: "O verdadeiro limite da produção capitalista é o próprio capital; é o fato de que, nela, são o capital e a sua própria valorização que constituem o ponto de partida e a meta, o motivo e o fim da produção; o fato de que aqui a produção é só produção para o capital e, inversamente, não são os meios de produção simples meios para ampliar cada vez mais a estrutura do processo de vida da sociedade dos produtores. Daí que os limites dentro dos quais tem de mover-se a conservação e a valorização do valor-capital, a qual descansa na expropriação e na depauperação das grandes massas de produtores, choquem constantemente com os métodos de produção que o capital se vê obrigado a empregar para conseguir os seus fins e que tendem para o aumento ilimitado da produção, para a produção pela própria produção, para o desenvolvimento incondicional das forças produtivas do trabalho. O meio empregado - desenvolvimento incondicional das forças sociais produtivas - choca constantemente com o fim perseguido, que é um fim limitado: a valorização do capital existente. Por conseguinte, se o regime capitalista de produção constitui um meio histórico para desenvolver a capacidade produtiva material e criar o mercado mundial correspondente, envolve ao mesmo tempo uma contradição constante entre esta missão histórica e as condições sociais de produção próprias deste regime”.


The Last Laugh - Crisis Subprime - Subtitulos Castellano

2 comentários:

Mauro Sergio Forasteiro disse...

Como uma verdadeira fênix, eis que surge das cinzas... "Maria sem vergonha do cerrado"... welcome to back, my littleboss...

Barone disse...

Seja muito bem vinda de volta a vida! Aliás.. maravilhoso o vídeo. A memlhor análise sobre a crise que eu vi até agvora.